domingo, 17 de outubro de 2010

ESTES LIVROS!

Socorrinho!
Estes livros foram parar na página de fundo do meu blog sem pretensão, mas adivinho sua pergunta.
Eles lembram a pequena biblioteca de vovô Severino.

Meu avô era um intelectual, com um porte de galã.  Alto, forte, feições finas, mãos macias, cheiroso, sempre muito bem barbeado. Vale ressaltar que ele se barbeava duas vezes ao dia.
Vestido impecavelmente em um terno de puro linho branco, colarinho sempre abotoado, mesmo nos dias de calor e para finalizar um belo chapéu de Panamá.
Era Pernambucano, conheceu vovó Noemi na Usina Serra Grande, situada no Município de São José da Lage/AL.
Vovó Noemi é filha do Coronel Feliciano Lyra, um dos donos da Usina Serra Grande, que fora fundada por ele e seus irmãos.
Enfim casados tiveram quatro filhos, meu pai o filho mais velho,e eu mais uma das netas queridas dele.
Vovô Severino era muito educado. Calado, nas horas de folga, estava sempre lendo ou fazendo palavras cruzadas sentado em sua espreguiçadeira preta de couro na biblioteca.
Eu tenho na memória nossas aventuras, com ele andei de trem pela primeira vez. Ele vinha sempre me buscar para passar uns poucos dias das férias em Garanhuns/PE, onde morava e onde mora vovó Noemi até hoje aos 101 anos de idade.
Garanhuns para quem não conhece é uma cidade que fica localizada no agreste de Pernambucano,
diga-se de passagem uma linda cidade de clima é frio, a temperatura mínima beira os 13 graus. Por esse motivo a uns 60 anos atrás ficou conhecida como a Suíça Brasileira.

Ela realmente tem seus encantos, na entrada da cidade logo uma mostra de sua beleza presente nos canteiros e monumentos que de tão bem cuidados mas parece uma miragem para que está em viagem
por uma região de pedras, areia solta e muita macambira. Além de bodes e cabras.
  
                   

A atracão principal sempre foi um lindo relógio de flores  da avenida principal, além de um canteiro central de  flores de vários tipos e cores. Vejam o relógio que funciona até hoje, embora em minhas memórias de criança  já fora mais bonito.

Tendo outras atrações turísticas como o Parque dos Eucaliptos que perfuma toda Cidade e o  luxuoso e requintado Hotel Tavares Correia, antigo Sanatório, antes utilizado como uma estância de repouso onde as pessoas procuravam tratamento do que chamavam na época de estafa, a depressão dos tempos moderno. Além de doenças respiratórias.
Bem próximo do hotel o Parque Euclides Dourado, palco dos famosos Festivais de Inverno que conta até hoje com presença de artista renomados.
E foi com vovô Severino que conheci tudo isso naquela época, ele sempre reservava uma tarde para passearmos pela Cidade. Além de suas belezas naturais, Garanhuns tinha um comércio desenvolvido já naquela época,  em nossos passeios de lotação (Eu, como toda criança, adorava andar de lotação) descíamos até o comercio para ver a Ferreira Costa, Pérola jóias, S Morais, A  Flores de Abril e a Livraria Gouveia de propriedade de Manuelzinho Gouveia, casado com Titia Ivete, irmã de papai e minha Madrinha.
Ela já era uma Executiva naquela época e uma das mulheres mais bonitas e elegantes que conheci. Passávamos na porta do Banco onde ela trabalhava e dávamos tchauzinho, eu saltitante e tagarela, ele se baixava e falava baixinho: Vamos bonequinha falante, vai começar esfriar.
Mas não íamos antes de tomar lanche em uma das várias padarias localizadas na avenida de baixo, onde no final ficava o Parque Pau Pombo. Depois que ele comprava uns biscoitos doces deliciosos e que só se faz lá até hoje.Voltávamos a casa amarela onde eles moravam que tinha um portão de ferro que dava passagem para o jardim, com flores diferentes para mim naquela época, como hortênsias, gerberas, violetas, orquídeas e rosas com pétalas dobradas e aveludadas de várias cores.
Tinha cigarra na porta e vovó só depois de dar  umaespiada atravez do vasculhante, podia abrir.
Na sala um jogo de sofá de couro preto com pés em metal super retro, um abajur de pé com cones coloridos e com furinhos por onde passava a luz dando um efeito lindo, uma tela com duas baianas pintada por titia Ivete. Na outra sala uma mesa redonda de uma fórmica rajadinha com cadeiras alcochoadas que fazia conjunto com um bufê. (Substituto da cristaleira) coisa moderna...
No fundo da sala na frente da cortina a televisão, a primeira que eu vi e que ficava dentro de um móvel de verniz com uma porta sanfonada, com duas caixas de som laterais e pés um pouco altos.
A direita abaixo da janela que abrigava uma família de elefantes de louça frisados de dourado arrumados do maior para o menor com as bundas viradas para a porta de entrada para dar sorte. Lá na casa de mamãe também tem um conjunto desse.
O tal bufê com portas de correr com vidro que acomodava a prataria, um jogo completo de taças e copos de cristal, além de conjuntos de jarras de suco com copos,  travessa de sobremesa com taças e muitas doceiras, compoteiras e licoreiras.
Tudo isso era  novidade para mim, principalmente porque a forma como eles eram dispostos era diferente, encantadora. Acho que herdei dela o dom de decoradora de ambientes.
Na estante junto aos livros de vovô, o telefone preto enorme com disco e muito pesado.
Na cozinha toda rodeada de balcão com janelas de vidro ao fundo, a geladeira (frigidaire) enorme com um puxador de porta em forma de alavanca e um pedal que eu utilizava para abrir porque ainda não alcançava, e o fogão já à gaz (cosmopolita) branco em Ágata com botões em formato de um avião, sendo o do duplo forno vermelho. (Tinha um forno e uma estufa)
Como posso deixar de lembrar vocês que estamos falando dos anos 60. E eu estava vendo quase tudo aquilo pela primeira vez! Não tenho outro registro da casa deles em minhas memórias de uma criança com 6 anos de idade. Era tudo muito fascinante e mágico. Um banho de civilização. Onde nós morávamos ainda não tinha luz elétrica, muito menos antena de repetição para televisão.
Agora passamos da cozinha para segunda sala de jantar que  era usada pelas crianças e vamos ao quintal, logo na saída a esquerda tinha uma estufa onde vovó fazia os enxertos e plantava as mudas daquelas plantas exóticas e esquisitas para mim. Ela seguia dizendo: Essa é renda portuguesa, essa canela de veado, essa antúrio, essa costela de Adão, essa copo de leite e por aí em diante.
Depois da caixa d'água instalada numa estrutura alta de madeira, um enorme pé de abacate com frutos gigantes, mas vovô não nos deixava ficar em baixo. Hoje sei que se um fruto daquele tamanho caísse na cabeça de uma criança, matava. Sem exageros!
E quando virávamos para o lado direito da calçada: O parreiral! Pelo fato do clima ajudar, vovó plantava uvas no quintal, outra novidade para nós, podíamos alcançar alguns poucos cachos se ficássemos na ponta do pé.  Depois do pé de goiaba, uma pequena horta, mais jardim no corredor dos fundos e em frente a garagem e a oficina de vovô, onde eu passava as manhãs, ajudando e conversando com ele enquanto Guida arrumava a casa e vovó fazia o almoço, ela cozinhava muito bem, desde os pratos mais finos e bem elaborados, ao simples feijão com arroz, todos tecem elogios a comida dela até hoje. Sem falar que nunca comi um picles melhor que o dela. E o pastel de carne! A tapioca quentinha no café da manhã, além de bolos, biscoitos e geleias caseiras. Hummm!
A tarde eu tinha aula de crôche e bordado em ponto de cruz com vovó, ela fazendo colchas e mais colchas, toalhas de banquete,  jogos de centro e caminhos de mesa belíssimos! Mas sempre desviando o olhar para meu trabalho, tirando minhas dúvidas e me ensinando os ponto básicos.
Logo anoitecia e íamos fazer o jantar, eu em cima de um banco ajudando, vovó sempre de calça comprida, sapatilhas de tecido por causa do frio, andando rapidinho de um lado para o outro cantarolando: "eu vou pra maracangalha"" de Dorival Cayme.
Depois do jantar eu assistia um pouco de televisão e na hora de dormir! Tenho que confessar, eu era muito medrosa na infância e  chorava a noite com medo de dormir sozinha. Rs.
Os poucos dias que eu passava lá voavam, e vovô se aventurava novamente em uma dura viagem que levava um dia inteiro para fazer um percurso de 70km, metade de carro e outra metade trem com baldeação, só para me levar de volta. E eram estes nossos momentos de cumplicidade, conversávamos a viagem inteira, ele falava baixinho quase sussurrando, mas eu absorvia cada palavra que ele dizia e como toda criança, seguia quase todos os seus conselhos, eram para mim momentos mágicos, momentos que preservam sua presença comigo até hoje.
Cumplicidade que sempre me remete ao nosso passado, como a escolha da pagina de fundo do Blog
com seus livros e dos elogios recebidos dos meus leitores por escrever verdadeiramente, fazendo com que, quem conviveu com tudo isso naquela época volte literalmente ao passado. Fruto do habito a leitura a mim passado por ele. Creio eu. Entre outras coisas, que saberemos na hora certa. Afinal  de contas esta viagem está apenas começando.

Agradeço aos leitores e seguidores que me ligam ou mandam e-mails dizendo: Você esqueceu de falar de fulano, você não falou de tal coisa. Isso é maravilhoso tem me ajudado bastante.
Creio que diante disso posso fazer um pedido:
Aqueles que me acompanham se cadastrem como seguidores.
Os pedidos de receitas, sugestões e elogios são muito bem vindos,mas façam atravez do link para comentários porque as vezes recebo um telefonema no meio do trabalho e esqueço, os dos e-mails, não estou dando conta.

5 comentários:

Mariana Lyra disse...

Muito bom mae! Adorei saber de tudo isso :) super interessante...
E a receita da paella? estou ansiosa! e o aniversario da Lela jah hj... rs

beijoss

Anônimo disse...

Como é bom relembrar de uma infância feliz.
E da dualidade entre aquela infância rural e as férias urbanas.
Lembra do caleidoscópio? Se encontrar pra vender em São Paulo por favor compre.
Vi com mamãe ela adorou.
Ficamos sempre curiosos para saber qual vai ser a próxima lembrança.

Um beijão
meu e de mamãe

Socorrinho disse...

Não aceitei postar sem ser como autonimo, vou tenatar agora.
Socorrinho

Socorrinho disse...

Não é que consegui. kkkkkkkkkk

beijossssssss

Anônimo disse...

gostaria de saber o nome dos seus tios e tias avos? lembro de Noemi, Eulálio, Dulce, Clotilde, Maria, Israel, Joao, Luizinho, Feliciano,Ivo, Roberto, Dudu, Décio, Rosario, Helena,Gilberto, veja se ainda falta algum e pode me mandar por email. Atenciosamente, ciadosbichos@ig.com.br, estou tentando montar uma arvore genealógica, vai ser imensa.