sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A HORTA

  
Horta de Vovó Lica
                                                     

                                                                                                

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HOJE MINHAS MEMÓRIAS ME REMETEM AO SÍTIO BANANEIRA, NA HORTA DE VOVÓ LICA.

Era quase um decreto: Crianças não entram na horta, que tinha uma cerca bem alta e fechada com cadeado.
Mas acompanhada da vovó e uma por vez era permitido.
Quando era minha vez! Ficava tão feliz, era como se estivesse no paraíso. Ela nos fazia olhar onde pisávamos para não correr o risco assassinar nenhum broto ou rama. Logo na entrada do lado direito tinha um pé de Pitanga, com frutos grandes(maiores do que vemos hoje) vermelhos e muito doces e não tinha como fugir de uma espiadela. Do lado esquerdo ficavam os legumes e verduras que ela organizava com muita arte, a diversidade de cores das folhas e frutos era imensa. Porque apesar daquelas mais conhecidas como abóbora, maxixe e quiabo, tinha as exóticas para aquela época, que ela trazia em muda ou semente de São Paulo ou Paraná.
Era como tour completo com aquela guia que mais parecia uma maga, como podia uma pessoa ser tão sábia sem sequer ser alfabetizada. Isso mesmo, na geração dela mulher não podia estudar.

ONDE TUDO COMEÇOU

Além de saber tudo a respeito de ervas, emprastos,chás, remédios caseiros. Ela lidava conosco com muita psicologia. Em sua dispensa tinha um espaço para uma coleção de panelas de barro em miniatura que com ingredientes da horta, um fogo em trempe e muita falta de experiência, fazíamos nossas primeiras receitas. Que diga-se de passagem, ficavam muito sem graça, verdadeiras gorogobas. Se não exagerávamos no sal ou na água, deixávamos quase queimar (Esturrar) como se fala no Nordeste.
Mesa posta  na sombra de uma Árvore, sentadas em toras de madeiras, anunciávamos com entusiasmo! Está na mesa. E do topo de sua sabedoria e amor incondicional, Vovô ZU vinha comer conosco, fazia aquela expressão de huuum, está uma delícia.
Lembro que com sete anos quando mudamos para Cidade de São José da Lage/AL, ainda tinha minhas panelas e brincava muito de "cozinhado" - Que na realidade era apenas um ensaio para as próximas férias que empreterivelmente passavamos em Bananeira, no inverno torciamos para rio encher, levar as pontes e nos deixar de férias mais uns dias.
Logo depois mamãe criou uma regra lá em casa que durou alguns anos, que consistia em cada filha ser responsável por fazer o almoço durante uma semana e entre os erros e acertos e muita vontade de fazer bonito, me fez aprender cozinhar de verdade. Foi o meu laboratório e o calvário de Noemi.

COMO DIZ MINHA MÃE, HERDEI A MÃO DE COZINHEIRA DE DONA LICA

Virei mesmo uma cozinheira de mão cheia! Mas ainda não cheguei nem aos pés dela, mesmo porque hoje as receitas são outras e sem horta, pomar, fogão a lenha, Tachos de cobre, panelas de barro e principalmente uma logoa com muitos de peixes e patos e um terreiro de galinhas. Fica quase impossível.
Agora tenho meu estilo, não muito obediente as receitas na quesito quantidades e medidas, sigo minha intuição e muita criatividade. No final da tudo certo.

AFINAL DE CONTAS, COZINHAR É UMA ARTE.

8 comentários:

Anônimo disse...

É muito bom relembrar, mesmo com muita nostálgia.

Anônimo disse...

Fiquei muito feliz de conhecer mais um pouco da história da vovó Lica.
Mas tia, fale a verdade... e quando era semana da minha mãe cozinhar vocês sofriam muito???? kkkkkkkk
Ahh, estou pensando em fazer uma paella no meu aniversário, mas não lembro como faz. Você bem que podia postar a receita, tenho certeza que ia fazer o maior sucesso!!
bjooo
Lela

Anônimo disse...

RÔ!
Adorei, você sempre surpreendendo.

Anônimo disse...

Rosário, quem diria! Com essa cara de dondoca!rsrsrs
Camila

Mariana Lyra disse...

Mae, adorei a postagem!!! Eu nao sabia disso ainda, e adorei saber de onde surgiu sua paixao pela culinaria :) Eu concordo com a Lela, vc deveria postar a receita da paella, vai fazer bastante sucesso!!! E eu tbm nao lembro como faz, e queria fazer aqui pra o pessoal provar um dia.
Outra sugestao, eu ia te mandar um email pedindo a receita do bolo do rolo com pao de lo (que vc ja me deu mil vezes, e apesar de jah ter feito algumas, eu nunca me lembro) Mas achei melhor comentar por aqui, porque vc pode compartilhar com seus leitores. Eu eu jah posso garantir que eles vao amar! eh uma receita simples e maravilhosa!!! uma das minhas sobremesas favoritas... :D
Parabens pelo post!!!! como jah disse gostei bastante :)
te amo

Anônimo disse...

Ooi Tia Rô!
Parabéns pelo blog, tá muito bom! Como já disseram as meninas aí em cima, vai ser ótimo ter receitas aqui! Ano que vou fazer intercâmbio, e vou precisar de umas receitas... nada como pegar no blog da Cheff Tia Rô! haahahaha
Beijos e saudades, fique com Deus
Charon

Anônimo disse...

Ró,

Adorei seu blog.
E estes livros lembram quem???
Vou ver se tem boa memória.
Por falar em lembranças, gostaria de adquirir um calesdoscópio é outra lembrança que me traz saudade da casa de vovó Noemi (por falar nela completou 101 anos esta semana
Vamos ficar seguindo a aprendendo com você.
um beijão
Socorro

Anônimo disse...

Oi Rosário
Como você adoro relembrar o passado e muitas vezes registrando também. Essa regra de passar pela cozinha, aplicada a vocês por Maria Isabel,Zefa Pinheiro também usou conosco.
Um abração
Angélica Lyra