sábado, 18 de junho de 2011

MIM INGANEI CUM A NOIVA


VICENÇA

  Quando sortero eu vivia, era o maior aperreio
 devido  ser muito feio, as mulé num mim queria.
Sempre pros forró eu ia, com uns camaradas meu,
eles confiava n'eu, dançá beber e brigar,
 no fim da festa apanhar, quem ia preso era eu.
I
Pra mode arranjar namoro, toda vida eu fui mole
cantei samba, puxei fole, e era um cabra vistoso
usava os cabelo louro, só andava cheroso,
a boca cheia de ouro,quilara que nem um dia, 
 mais quando  fala em namoro, as mulé num mim quiria.
I
Eu dixe foi catimbó, que alguém butô e não sai,
Vovó casou com Vovô, Mamãe casou com Papai.
Inté meu irmão Chicó, muito mais fei de que eu,
namorou casou e viveu, cum cinco mulé inté,
eu num arranjo uma se quer, qui quera se esfregar neu.
I
Um dia  Deus se esqueceu,  satanás se discuidô
que Vicença olhou pra eu, cum's oião e bico doce.
Nosso amor se amisturô, que nem feijão cum arroz
e nos dois se apaixonemo, num amor tão violento
que marquemo o casamento pra quatro dias depois.
I
No dia casamento,  quase endoideço por ela,
calçado numa alpacatra, veste de piobrim, fui pra igreja casar,
quando vi Vicença entrar, dei de garra da mão dela
cheguei nos pé do altar,  e jurei em nome da crença,
o pade dixe umas coisa e fui morar mais Vicença.
I
Numa casinha sinjela,  fui logo mim agasaiando
há muito eu vivia sonhando, em dormir com uma donzela
Vicença fez uma novela,  por dento da camarinha
quebrou os caquim que  tinha, me ameaçou na bala.
Ela foi durmi na cozinha , e eu fui dormi na sala.
I
Quaje morro de desgosto, porque vicença fez isso
saí cedo prô selviço,  voltei  quase o sol se posto,
mais ainda tive um gosto:Vicença  me arrecebeu,
 inté um café  freveu e botou prá  nós  tomar
dispois que nós se banhemo, fumo nos agasaiá.
I
Na hora de se deitar, nem se quer olhou pra eu
virou-se pro canto da cama, fingindo qui adormeceu
ainda deu adoença, quando eu falei em amor
Dixe, o senhor, pensa que sou o que?
Só mim casei com vosmecê, pra mode fazer favor
I
Da vida perdi o gosto, de Deus eu perde a crença
no calor da discursão, só nome chamei uns trinta,
ligero que nem gato, me alevantei do cochão,
 me abufelei mais Vicença, batendo com nega no chão,
 Cum ela se estribuxando, dei mão do facão,
I
Rasguei logo a casaca e cum a ponta da faca
cortei a fita da cinta, e o elástico do calção,
Vicença tinha razão, pru mode o que se assucedeu,
 não era cum nojo deu, nem pro mode ser sincera.

 Sabe o que Vicença era?

(ERA MACHO QUI NEM EU)

PS. ESTA É DEMONINADA  POESIA FALADA,   NÃO SE  TEM REGISTROS, POR SE TRATAR QUASE DE UM IMPROVISO.

Agradeço a Marco Lyra o artista que declama divinamente, meu querido irmão que me mandou a poesia e fez questão de citar:
 Essa obra não é minha! ao que mim consta é de (Zé Brejeiro)
     



5 comentários:

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkk,
Muito engraçado e bem escrita!

Adorei!

Valeu, Marco Lyra

Anônimo disse...

Rosário,

Você esqueceu de informar onde encontramos o dicionário Nordestez.

Mais adorei,

Beijo,
Paulinia

Anônimo disse...

Rô, ficou muito boa, você só precisa ter cuidado com a rima.
a próxima que vou mandar é eu não dou esmola a santo.

Beijo,

Marco Lyra

Maria do Rosário disse...

Marco lyra,

O problema é que ela é muito grande e não pude colocar cada frase numa linha, por isso as vezes a rima quebra um pouco.

PS. MAS VOCÊ ESTÁ DE PARABÉNS!!

(As pessoas adoraram)

Aguardo as próximas...
bjos

Anônimo disse...

Marco Lyra!!!

Você é competênte na arte de recitar poesia matuta, mas só assim escrita é que se consegue entender a história.

PS. Publique uma por mês, assim você registra esse talento nato.

EPAMINONDAS BORGES